Diabetes e trabalho
Uma em cada dez pessoas que estão lendo este texto tem diabetes. Até poucos anos atrás, a prevalência de diabetes no Brasil era inferior a 7%, e a explicação para o aumento desses números está relacionada ao sedentarismo, à obesidade e ao sobrepeso, ao nosso estilo de vida e ao envelhecimento da população.
Quase metade dos adultos com diabetes não sabe que tem a doença. Esse é um dado muito preocupante, pois as complicações associadas ao diabetes pioram a qualidade de vida e aumentam o risco de mortalidade. Fazem viver menos e pior, em outras palavras – e isso inclui a capacidade de trabalho.
Um artigo de revisão publicado na revista Nature Reviews Endocrinology mostrou que o diabetes está associado a um risco aumentado de desemprego, aposentadoria precoce e perda de produtividade (absenteísmo e presenteísmo). Esses prejuízos na vida profissional tornam-se mais frequentes e mais graves de maneira proporcional ao número de complicações do diabetes – ou seja, quanto pior a evolução da doença, maior a incapacidade.
As empresas podem contribuir para as medidas de prevenção do diabetes. Educar os empregados e oferecer oportunidades para um estilo de vida mais saudável, com prática regular de exercícios físicos e alimentação equilibrada, são ações eficazes para a prevenção primária.
Para o diagnóstico precoce, a oferta de exames laboratoriais é indicada para trabalhadores selecionados. Não se trata de formar uma fila de empregados apenas no dia 14 de novembro (Dia Mundial do Diabetes), colher uma gota de sangue do dedo e tirar uma foto para as redes sociais: ações de saúde exigem planejamento, direcionamento, apoio e acompanhamento. Isso deve ocorrer durante todo o ano, no contexto de cuidados integrais em saúde – e não apenas em campanhas pontuais.
Artigo completo: Tomic D et al. Diabetes mellitus and work participation. Nat Rev Endocrinol. 2025 Oct 20. doi: 10.1038/s41574-025-01194-w.