De onde vem o presenteísmo?
O termo presenteísmo faz parte do vocabulário corporativo, muitas vezes associado à ideia de perda da produtividade. Esse é um entendimento limitado do presenteísmo, cujo conceito se refere a estar no trabalho, mesmo estando doente. É certo que uma das consequências é a redução do desempenho no trabalho, mas a questão precisa de enfoque na prevenção e na mitigação do sofrimento individual.
Diversos estudos tentam dimensionar as repercussões do presenteísmo nas organizações. Um deles está disponível aqui e fornece vários indicadores úteis para esse entendimento. Mas um outro artigo, publicado na revista Occupational & Environmental Medicine, investigou as causas do presenteísmo e sua estreita correlação com o absenteísmo por doença.
Mais de 16 mil trabalhadores da França foram acompanhados por três anos, com avaliação de 20 fatores psicossociais do trabalho, além de aspectos como o número de horas trabalhadas e riscos físicos, relacionando esses fatores à presença e duração do presenteísmo nos últimos 12 meses. Os fatores psicossociais foram agrupados em cinco dimensões: demandas; organização e conteúdo do trabalho; relações interpessoais; interface do trabalho com o indivíduo; e violência no trabalho. Os resultados mostraram que quase todos os fatores psicossociais no trabalho foram preditores de presenteísmo, com aumento do risco variando de 30% a até mais de 100% em alguns deles. Houve uma relação dose-resposta na presença de múltiplas exposições psicossociais, isto é, quanto mais riscos somados, maior o presenteísmo.
A mensagem principal desse estudo é que a abordagem do presenteísmo nas organizações deve focar nas questões relacionadas à organização do trabalho. Do ponto de vista individual, a identificação precoce, o acolhimento e a oferta de recursos de enfrentamento são importantes para aliviar o sofrimento e reduzir os danos. Mas, no que se refere às ações preventivas, a intervenção nos fatores organizacionais é a medida adequada para o enfrentamento eficaz do presenteísmo nas organizações.
Artigo completo: Niedhammer I, Pineau E, Bertrais S. Associations between work-related factors and sickness presenteeism: a prospective study using the national French working conditions survey. Occup Environ Med. 2024 Oct 8;81(9):448-455. doi: 10.1136/oemed-2023-109202.
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